Nasci num bairro de classe média em Bilbao, no norte da Espanha. Eu era a segunda de quatro filhas. Nossa família era muito católica, e eu assistia à missa todos os dias. Aos 23 anos de idade, me tornei professora, uma profissão que eu amava e que exerci por 40 anos. Eu ensinava várias matérias e sentia muito orgulho por dar aulas de catolicismo. À noite eu era catequista e preparava meninas para a primeira comunhão.

Após 12 anos de um casamento feliz, fiquei viúva e com quatro filhas para criar. Eu tinha apenas 33 anos. Tentei encontrar consolo na minha fé católica, mas sempre tinha as mesmas dúvidas: ‘Por que os humanos continuam a morrer se Cristo nos salvou? Por que oramos pedindo para que o Reino de Deus venha se as pessoas boas vão para o céu?’ Mas o que mais me intrigava era: ‘Se Deus já nos julga quando morremos, por que depois precisamos sair do céu, do purgatório ou do inferno para o julgamento final?’

Fiz essas perguntas a alguns padres que eu conhecia. Um deles me respondeu: “Não sei. Pergunte ao bispo. Para que se preocupar com isso? Você não acredita em Deus? Deixe isso para lá!” Mas eu continuei procurando respostas. Mais tarde, assisti a sermões de jesuítas, pentecostais e gnósticos. Mas nenhum deles conseguiu responder minhas perguntas.

Quando eu tinha 60 e poucos anos, uma aluna de 7 anos me convidou para assistir a uma reunião das Testemunhas de Jeová. Eu gostei do que vi e ouvi. Mas, por causa da minha vida atarefada, perdi o contato com elas. Dois anos mais tarde, um casal de Testemunhas de Jeová bateu na minha porta. Eram Juan e Maitê. Por três meses eles vieram à minha casa para responder minhas muitas perguntas, o que finalmente me levou a estudar a Bíblia.

Eu aguardava ansiosamente cada visita deles. Eu pesquisava tudo e usava três traduções da Bíblia para ter certeza de que o que eu aprendia era verdade. Logo percebi que por  décadas eu tinha estado muito confusa em sentido religioso. A diferença entre o que eu acreditava e o que eu aprendia na Bíblia me deixava incomodada. Senti que tinha de abandonar todas as minhas crenças. Era como se eu estivesse arrancando uma árvore com raízes bem profundas.

Daí, meu segundo marido ficou muito doente e morreu. Nessa época, me aposentei e saí de Bilbao por um tempo. Juan e Maitê também se mudaram para outro lugar. Infelizmente, eu parei de estudar a Bíblia. Mas no fundo eu sabia que havia encontrado um tesouro. Nunca me esqueci disso.

Cerca de 20 anos depois, quando eu estava com 82 anos, Juan e Maitê voltaram a morar em Bilbao e me visitaram. Como fiquei feliz ao vê-los! Percebi que Jeová não havia se esquecido de mim e voltei a estudar a Bíblia. Juan e Maitê tiveram muita paciência comigo, visto que eu fazia várias vezes as mesmas perguntas. Eu era muito apegada às minhas crenças e precisava ouvir os argumentos bíblicos vez após vez para me convencer de que minhas crenças estavam erradas. Também queria estar bem preparada para explicar as verdades da Bíblia aos meus parentes e amigos.

Enfim, fui batizada — aos 87 anos — numa assembleia das Testemunhas de Jeová. Foi o dia mais feliz da minha vida! Nessa ocasião, um ancião cristão fez um discurso bíblico dirigido especialmente aos que seriam batizados. Aquele discurso me fez chorar. Era como se o próprio Jeová estivesse falando comigo. Depois do meu batismo, muitas Testemunhas de Jeová vieram me cumprimentar, embora a maioria nem me conhecesse.

Eu sempre soube que Jesus Cristo é “o caminho”. (João 14:6) Mas foi o estudo da Bíblia que me fez conhecer a Jeová. É a Ele que Jesus nos conduz. Hoje, eu posso orar a Deus como meu querido Pai e Amigo. Ler o livro Achegue-se a Jeová * foi decisivo em minha vida. Assim que peguei o livro, eu o li em apenas uma noite. Fiquei emocionada ao perceber como Jeová é misericordioso.

Quando me lembro de minha longa procura pela verdade, penso no que Jesus disse: “Persisti em pedir, e dar-se-vos-á; persisti em buscar, e achareis; persisti em bater, e abrir-se-vos-á.” (Mateus 7:7) Agora que encontrei as respostas que tanto procurava, fico feliz de compartilhá-las com outros.

Aos 90 anos de idade, sinto que ainda tenho muito a aprender sobre Jeová. Cada reunião no Salão do Reino é muito especial para mim, tanto pelo valioso conhecimento que recebo como pela companhia de meus queridos irmãos. Desejo muito voltar a ser professora no prometido Paraíso na Terra. (Revelação [Apocalipse] 21:3, 4) Não vejo a hora de meus parentes e amigos serem ressuscitados para que eu possa lhes ensinar a verdade da Bíblia. (Atos 24:15) Anseio contar a eles sobre o belo presente que recebi de Jeová em minha velhice!